21 maio 2013

El Mago




Pablo Aimar, o Dez que encantou Maradona e Messi, é sem sombra de dúvida um dos poucos grandes artistas do futebol português, e um dos melhores que passaram pela Primeira Liga nos últimos anos. É o tipo de jogador que recebe a bola para jogar, a chamada receção orientada, e melhor ainda, devolve-a para continuar a jogar. Tem uma qualidade de passe curto em espaços reduzidos (pode não parecer, mas é mais difícil do que fazer passes longos) só ao nível dos génios da bola.

O que mais me fascina nele, além da receção orientada e passe curto, é a simplicidade do seu jogo recorrendo constantemente ao primeiro toque (que saudades de o ver jogar com Saviola, aquele que melhor entende a sua ideia de jogo). Quando este consegue impor o “futebol de rua” em campo, tudo parece mais fácil, e é assim que ajuda a decidir jogos, sem pressão ou malabarismos, mas cheio de talento e autenticidade.

Mas, vamos ao cinzento da bela história.

O que deu o Benfica ao Aimar? Muito! Não falando do salário (que acho inadmissível), o Benfica deu ao Aimar: uma oportunidade única, quando a carreira dele estava à beira das Arábias ou Américas; recuperou-o fisicamente, o principal motivo que o impediu de fazer muito mais; um apoio inexcedível, tornando-o no maior ídolo do palco da Luz; e uma posição de líder numa equipa que voltou a lutar por títulos. Posto isto, o Benfica deu a Aimar tudo aquilo que ele necessitava para triunfar e ser feliz dentro das 4 linhas.

Por outro lado, mesmo custando ao leitor, e se for benfiquista pior ainda, eu pergunto: o que é que Aimar deu ao Benfica?

Pouco, direi eu. Se tivermos em conta a presente época, o Benfica lutou pelo campeonato (perdendo-o por culpa própria) até à última jornada, e pela Liga Europa (derrotado na Final), com participação nula do génio argentino. Assim, até à data, e à beira de concluir o quinto ano de águia ao peito, Aimar venceu um Campeonato e quatro Taças da Liga, com a possibilidade de vencer no próximo domingo a Taça de Portugal.

No que diz respeito ao campeonato conquistado ao serviço do Benfica, não partilho da opinião generalista de que Aimar levou o Benfica ao título. É certo que foi a época com mais jogos realizados durante estes anos, com 25 jogos na Liga, sendo que no entanto 4 foram como suplente, e em 17 foi substituído. Ou seja, Aimar fez 90 minutos completos em apenas 4 jogos (4/30 jogos).

Prefiro destacar a importância de Quim, Luisão, Javi, Ramirez, Di Maria, Saviola e Cardozo na conquista de 2009/2010. Basicamente acabei de evidenciar 7 jogadores, ou seja, o Aimar tinha uma formação excelente a apoiar o seu futebol.

Posto isto, este artigo não serve para demonstrar a minha ingratidão com Pablo Aimar, não! Eu sou um fã, e acima de tudo um defensor do tipo de futebol que este pratica. A sua génese futebolista é aquela que eu adoto quando abordo o futebol. No fundo, aquilo que eu quero “medir” é o retorno que o Benfica teve ao longo destes quase 5 anos de Aimar. A única vantagem que vejo em ter Aimar, num plantel rico e competente como este, é a experiência e estaleca que incute nos mais jovens, como Rodrigo, Salvio ou André Gomes (sim, estou a dar-lhe protagonismo).

Não acho injusto não renovar com Aimar no final da época, acho sim que Aimar nunca deveria ter começado a presente.

(Nota: Mais de metade deste post foi escrito em Janeiro quando estava praticamente consumada a transferência de Aimar para as Arábias. Completei-o agora porque Aimar está recuperado, começou a ser opção mas sem relevante importância dada a sua condição física e a intensidade de jogo da equipa, e o Benfica lutou pelos títulos nacionais mais importantes e pela Liga Europa. Adiei constantemente este post porque é pouco ético criticar um jogador como Aimar, mas no fundo, o Benfica sem ele continuará igual, seja qual for o rumo.)


gloureiro

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