24 agosto 2012

Vecchia Signora




A saída de José Mourinho de Itália, o duelo Barcelona-Madrid, a competitividade da Premier Ligue ou da Bundesliga, e ainda os poderosos milhões árabes e russos, abafaram umas das melhores ligas do mundo, senão a melhor (consoante aquilo que se goste de ver). Refiro-me à liga italiana, que nos últimos anos perdeu grande parte da sua notoriedade e visibilidade.

As razões são imensas, tais como os argumentos para se acompanhar este campeonato, mas foco-me essencialmente na reaparição da Vecchia Signora, a Juventus, o maior clube italiano e, esse mesmo, que foi despromovido à Serie B em 2006 por corrupção.

Desde então, a Juve passou por um processo de reconstrução do plantel, fazendo um 3º lugar em 07-08, 2º em 08-09, e nos dois anos seguintes 7º classificado. Na época passada, a Juve reforçou-se bem e acima de tudo inteligentemente. Buffon fez a época toda sem lesões. Barzagli e Bonucci estiveram em bom plano, bem como o patrão Chiellini. Vidal veio fortalecer o meio-campo e apoiar Marchisio. Vucinic foi o farol no ataque, sempre bem acompanhado ora por Matri, ora por Borriello ou Quagliarella. Esta equipa contava ainda com Pirlo e Del Piero…

Com um plantel que conciliou arte e classe com luta e humildade a Juve chegou ao fim da época com 23 vitórias e 15 empates, sagrando-se campeã e sem derrotas. Marcou ainda presença na final da Coppa d’Italia, perdendo para o Nápoles. Com Antonio Conte ao comando, treinador da casa ao estilo de Guardiola no Barcelona, a Juve contou ainda com o ambiente positivo em torno do novo estádio e com os seus aficionados sempre exigentes. No fundo, a equipa reuniu um conjunto de fatores que lhe permitiu lutar insaciavelmente pelo tão aguardado título.

Sendo assim, o que se pode esperar desta Juve para a época 12-13?

Provavelmente é a equipa mais bem posicionada para vencer a Serie A. Enquanto o Milan perdeu as suas grandes referências (Zlatan, Thiago e Cassano), e o Inter não ultrapassou o trauma da saída de José Mourinho com contratações de jogadores sem nexo, a Juve está numa posição privilegiada para renovar o título de campeão italiano.

A única dúvida, ou, a grande expetativa, é saber até onde pode chegar esta equipa na Champions League?!

A entrada de Asamoah e Isla, dupla da Udinese, vem dar grande qualidade às asas do extasiante 3-5-2. Falta, no entanto, um “nome” para o ataque. Primeiro porque na Champions só a presença de um grande jogador intimida, posição que Matri e Quagliarella não têm, e Giovinco ainda não atingiu o ponto; segundo porque Del Piero não renovou contrato e era um jogador que sacava da cartola um “golito” em jogos fundamentais.

Llorente, Suarez, Cavani, Negredo ou Dzeko seriam boas opções. Descartado Van Persie, transmite a ideia que a Juve não tem poderio financeiro para lutar por um “Ponta” de top-5. Como os italianos são muito pouco recetivos a aventuras latinas e outros mercados externos, se calhar ficam-se por um avançado do campeonato interno ou seguem assim mesmo.

Depois da conquista da Supertaça Italiana, é com grande expetativa que se vai acompanhar a trajetória desta equipa, e como vai ultrapassar o facto do seu explosivo e inaudito treinador estar a cumprir 10 meses de castigo…