31 julho 2012

Treinador de Bancada




“Mais uma moeda, mais uma volta!”, como uma criança num carrossel.

Mais uma pré-epoca, mais um campeonato que aí vem.

Passam-se os anos, e a expectativa é a mesma para ver qual dos 3,5 grandes está melhor preparado. Pessoalmente inquieta-me mais ver a resposta de Milan e Inter ao que a Juve fez na época anterior; ou como irá ser o campeonato, competitivo, inglês; ou se o Real vai voltar a revalidar o título; ou ainda, até onde vão Dortmund e PSG na prova rainha da europa.

Posto isto, como o que tem mais “eco” é o torneio do garrafão de Portugal, vou fazer aqui uma descrição, rápida e simples, da organização e da imagem que passa para fora, dos clubes em Portugal.

F.C. Porto – Foram campeões, são a melhor equipa, em todos os níveis, sendo que o mais importante é a organização que se respira. São o candidato número um nas probabilidades do título nacional. Como adepto de futebol, aprecio a forma de trabalhar neste clube. Certamente que o fraco mediatismo, dos três grandes é o que menos impacto tem, ajuda a trabalhar. Facilmente se explica, são campeões e é o clube de que menos se fala, fantástico para eles porque só transmite tranquilidade. Vendem na altura certa, e se o entenderem, e como diz o seu presidente, têm 4-5 jogadores substitutos para a eventualidade. Neste clube tudo é pensado, e tudo está planeado há muito. Os handicaps, no meu ver, continuam a ser o treinador, e a possibilidade de perderem o Moutinho, já que um jogador de meio-campo não se substitui no curto prazo como um ala ou um avançado. - 45% de hipóteses ao título

S.L. Benfica – Os grandes perdedores da liga passada, e os eternos pressionados. Contrariamente ao Porto, o Benfica luta contra si próprio, contra os media e contra os adeptos. Depois de uma época boa, com a presença nos quartos-de-final da Champions e uma excelente prestação; a Taça da Liga, que não tem valor para os que a perdem, mas é assim que se ganham títulos; e um bom campeonato, que só não foi ganho por obra do Espírito Santo, e quem sabe de Jesus, o Benfica parte para esta época com a corda ao pescoço, e sem identidade. Sim, para mim este clube está completamente desorganizado. Tanto é inadmissível andarem com 35 jogadores atrás para a Polónia ou França, como as experiências que se fazem já que no final de Agosto vai tudo recambiado (empréstimos), e é ainda inadmissível deixarem acontecer novamente, visto que esta pré-epoca está a decorrer da mesma forma que no ultimo ano. Notícias frescas, mais um médio ala (Salvio). Por alto, consigo contar 15 jogadores para 3 posições (diga-se, 1 avançado e 2 alas), sendo que o aceitável são 7 jogadores. 30% de hipóteses ao título

S.C. Braga – Admito que de época para época nunca acredito na equipa de Braga. Mesmo depois do segundo lugar em 09-10, não esperava que se mantivessem no topo, e isso é um sinal claro de que acima das boas apostas em treinadores e jogadores, o clube está a ser bem gerido e com boas bases, o que perspetiva um crescimento sustentável. No entanto, ainda não chega para ser campeão, parece-me, talvez com mais 3 ou 4 anos a lutar pelos lugares cimeiros o consigam. A mudança de treinador foi estranha e repentina, o que contradiz um pouco com a organização que o clube mostra, mas a rápida e prevista substituição de treinador foi bem conseguida. Peseiro provou, na época com o Sporting, ser um dos melhores treinadores portugueses, quem sabe com menos pressão e com mais experiência consiga fazer um excelente trabalho. Ainda assim, num país como o português é difícil ganhar sem ser influente. 5% de hipóteses ao titulo

Sporting C.P. – Este ano o Sporting está mais forte, e vai fazer melhor. Isto porque me parece que a maioria dos adeptos, mesmo acreditando, já aceitam o facto de a equipa ter de evoluir com calma, e que neste momento não pode lutar contra uma equipa como o Porto. No entanto o Sporting é uma equipa que anda muito bem ao sabor do vento, e eu arrisco-me a dizer que se à 5ª ou 6ª jornada não estiverem já arredados (como é costume nos últimos anos), Sá Pinto consegue reunir as tropas e fazer uma excelente época. Mas, o vento varia, e esta equipa é muito instável, logo, existem ainda muitas dúvidas sobre a sua capacidade. Sendo assim, prevejo um bom início de época, e com a experiencia dos jogadores contratados, conciliada com a rebeldia de Capel e Carrillo acredito que o Sporting incomode muito mais os seus rivais na época que se segue. 20% de hipóteses ao título

Em suma, espera-se uma época equilibrada como a anterior, e quem sabe a mais competitiva desde 04-05, altura em que Mantorras ganhou o campeonato português. Nota importante, Benfica ou Braga, ou ambos, poderão ficar para trás na primeira jornada. Terá influência?

gloureiro

20 julho 2012

Croquetes

Edward Norton (Chefe dos Escuteiros)- Moonrise Kingdom


Quem é o gloureiro?
Anda por aí o rumor de que o Loureiro é um heterónimo meu. Desde já, queria agradecer o facto de vos passar pela cabeça o facto de eu ter capacidades para ter um heterónimo, mas não. O Loureiro é meu amigo e eu sei que ele existe porque já o vi a falar com outras pessoas. 

O dia em que eu começar a escrever por heterónimos, internem-me num hospital psiquiátrico e façam-me um teste sanguíneo para opiáceos. Adiante. 

Ciclovia e Óculos de sol Tapa-feias
Já viram as ciclovias recentemente colocadas em algumas avenidas de Lisboa? Pronto, eu queria deixar aqui um apelo, mesmo não tendo o hábito andar de bicicleta. 

Eu sei que é muito engraçado andar numa recta, e tipo conseguir vislumbrar o nosso destino, o nosso objectivo final. Mas os velhos com andarilhos, os obesos mórbidos, os carrinhos de bebé, as snobs com malas de rodinhas e as velhas com a malita das compras têm que sair.

Tapa-Feias Clássico

Outra coisa que mete nojo é ver pessoas de óculos de sol dentro do metropolitano (ou outros locais fechados e sem luz solar abrasadora). 

Eu percebo, acham que ficam mais bonitas, passaram meia hora em frente ao espelho antes de sair de casa e não querem deitar tudo a perder por um simples metro. Mas os óculos são apenas um acessório, a beleza não se pode comprar, nada pode imitar a beleza natural. Já dizia aquele famoso: quem é, é. 
E ir para discoteca com óculos de massa? É a coisa mais pretensiosa à face da Terra a par deste blogue, deixem-se disso.

Envolvem-se em mistério por detrás de uns óculos de sol gigantes e depois quando os tiram é aquele susto. Quem é, é… 


O meu onze para o Europeu 2012




Casillas     Um bloco de gelo. Não me lembro de o ver a cometer um único erro e de cada vez que era filmado só dava para ver confiança e concentração máxima.


Pepe        Exterminador Implacável 2012.


Hummels  A última aplicação da Apple, um defesa central com tecnologia de ponta e multifunções. O Kaiser está de volta.


Alba      Iniciativa, mentalidade vencedora e muita coragem naquela que é uma das posições mais importantes do futebol moderno. Excelente campeonato para o Coentrão.


Debuchy    Um dos melhores jogadores da equipa francesa, um exemplo de atitude numa equipa que pareceu não mostrar tudo aquilo que poderia ter feito.


De Rossi     Gladiador. O Russel Crowe deste Europeu. É sempre bom ver um jogador que ganha milhões a lutar, correr, rematar e sofrer como se não houvesse amanhã.


Pirlo          É triste ver a surpresa dos comentadores e dos críticos ao verem Andrea Pirlo a jogar assim tão bem. Por um lado demonstra que não estão atentos ao mundo do futebol, porque Pirlo não jogou nem mais nem menos do que aquilo que jogou este ano na Juventus (onde foi campeão sem derrotas). Por outro lado gostam sempre de referir que apesar de já não ser novo ainda joga muito bem. Pirlo sempre foi o tipo de jogador em que a mente se sobrepõe ao físico, não era agora que iria ser diferente. Continuam com a velha mania dos jogadores de Championship Manager de começar a excluir os jogadores a partir dos 30 anos.


Iniesta       O Feiticeiro de Oz, um autêntico abre-latas. Foi mais do mesmo.


Dzagoev    O melhor nesta posição pela sua dinâmica e pelo facto de Nani ainda continuar com um papel algo secundário na selecção portuguesa. Pode dar muito mais à equipa.


Cristiano  O jogador feito em laboratório com todas as partes montadas e bem optimizadas. Teve uma evolução crescente ao longo do Europeu e fiquei surpreendido com as críticas depois do jogo com a Dinamarca. Um jogo em que se movimentou muito bem e com muita inteligência falhando apenas na finalização apenas por excesso de ansiedade, nada mais.


Klose         Dos jogadores com mais impacto na equipa. Poderia ter escolhido outros, mas ele e o Fernando Torres foram os únicos com capacidade para mudar a dinâmica da equipa, quer seja jogando a titulares, seja a sair do banco de suplentes. Quando entrou contra a Itália, o jogo da Alemanha mudou brutalmente.


Vicente del Bosque        Começou com uma decisão corajosa ao convocar Fernando Torres, que acabou por ser a decisão mais acertada. Parece que esperou pela final para calar os críticos de uma vez por todas, com um jogo perfeito, sem uma única falha. Sacava os jogadores do banco com uma pinta do caraças, um autêntico manipulador de marionetas.



Cinema de Verão

Moonrise Kingdom – Mais um de Wes Anderson, depois de ver “The Royal Tenenbaums” (2001) e “The Darjeeling Limited” (2007) só posso esperar o melhor de um filme com Ed Norton, Bruce Willis, Jack Schwartzman, Harvey Keitel…



Bane (Tom  Hardy) - The Dark Knight Rises

The Dark Knight Rises – Espera-se sempre o melhor de Chris Nolan, mas ele consegue sempre ultrapassar as espectativas. Marion Cotillard e Tom Hardy a fazer de vilão, no meio de tantas bestas cinematográficas. Para mim, o filme mais esperado do ano.



The Bourne Legacy – Não gostei da ideia de fazerem um filme extra sem a principal estrela, depois da melhor trilogia de filmes de espiões de sempre. Mas o teaser/trailer está muito bom e num filme com Ed Norton e Jeremy Renner tenho de dar no mínimo dos mínimos o benefício da dúvida. 


03 julho 2012

Viva a Pátria!


Finalizado o Euro 2012, é a altura em que toda a gente lança a sua farpa, e como não sou nem mais nem menos que os outros, também tenho algo a dizer.

Antes de mais, Parabéns à seleção nacional, dignificaram a sua participação.

Não vou dizer que a seleção desiludiu porque não tive tempo para fazer planos ou criar expetativas, e não vou dizer que me surpreendeu, porque de facto a mentalidade de jogo não me cola ao ecrã. Foi uma boa participação, excelente, dadas as circunstâncias.

Gosto de ver jogar seleções como a Croácia, que se divertem a jogar, ou como a Grécia, que encara melhor que ninguém a sua inferioridade, e mesmo assim lá vão passando de fase em fase. Para não falar da Itália, que consegue ter um estilo inconfundível no que se refere a tratar a bola tão bem, e tão lentamente, que até chateia como chegam tão rápido lá à frente, mas siga…
Vou falar de pátria, a palavra, o suporte, e o salva-vidas que muita gente emprega quando não tem mais por onde pegar.

Serei menos Português que o leitor por não vibrar com a seleção nacional de futebol? Sou antipatriota por não entender a braçadeira de capitão no Cristiano Ronaldo? Mas afinal, que mal tem isso?
Pátria é lutar pelo país, não é puxar por uma seleção que poucos jogadores têm a jogar em Portugal. Eu tenho um emprego em Portugal, desconto em Portugal, mesmo com um Estágio Profissional. Pátria é, ainda assim, gostar de estar em Portugal, gostar do que é nosso, de comer enchidos e queijo da serra, e sopa da mãe. Pátria não é só cantar o hino, Pátria, para mim, é ir à terra natal e ver os amigos de infância, assim como o Deco e o Liedson fazem, e o Pepe vai fazer…

Pátria é tudo aquilo que ainda não se rendeu aos interesses alheios (financeiros), é jogar na seleção de Raguebi e lavar os equipamentos ao fim do treino, ou ir aos Jogos Olímpicos com os próprios meios e sem apoios financeiros.

O leitor já reparou que neste momento, só se fala de pátria de 2 em 2 anos, coincidindo com as datas de europeus e mundiais de futebol?! Calma, em janeiro o nosso capitão nacional vai estar na luta pela “Bola de Outro” e vai-se voltar a falar em pátria.
Se a seleção nacional é o índice que mede o grau de pátria, então assumo desde já que me estou marimbando para a pátria.

Peço desculpa por gostar de quase todos os estilos de música em detrimento do Fado e do Pimba, ou por admirar mais a mentalidade do norte/centro da europa que a latina, como nós. Não sou de facto um patriota, pensarão.

Agora, não deixo de me esforçar pelos que me rodeiam, e por todos que indiretamente dependem de mim. Isso é que é pátria, fazermos algo útil e honesto por este país, com objetivos concretos, e não esperar que o Ronaldo mande mísseis para irmos para à rua fazer a festa.
Importa estabelecer aqui uma diferença, se a seleção fosse campeã eu andava na rua a festejar; não por eles, mas porque entendo que isso faça as pessoas felizes, e eu gosto disso. Eu torço pela seleção, gosto que ganhem, adorava vibrar como o faço pelo Benfica, mas infelizmente nada me liga a isso, não tenho culpa.

Pátria, é isto, um génio que recebe no mínimo 15 milhões de euros anuais, e no entanto vê a necessidade de fazer esta publicidade. Se não repararem, deixem para lá.

http://www.youtube.com/watch?v=maX8wGX-dO8

01 julho 2012

Alessandro Del Piero


Para que é que servem os maus jogadores? 

Por causa deles os grandes jogadores, os mais talentosos, carismáticos e as melhores pessoas, sobressaem-se ainda mais. Tornam-se ainda mais especiais.


1993


"Acaba aqui. O meu contrato terminou hoje. Já se sabia, mas o facto de ser oficial tem um efeito especial em mim. Não é, de modo algum, um momento triste. Já não é triste, porque quando olho para trás vejo que vivi o sonho mais belo que poderia ter sonhado.

Todas as memórias, todas as alegrias, todas as vitórias ficarão para sempre comigo, como aquela despedida, no último jogo em Turim. Tudo isto ficará para sempre no meu coração, como uma verdadeira fotografia viva que ninguém conseguirá apagar.

Vocês ficaram várias vezes à minha espera, no final dos treinos e dos jogos, à chuva e ao frio. Foram sempre fiéis. Hoje pago a minha dívida. Estou aqui para vocês, para os saudar e para vos agradecer por tudo o que fizeram.

Estou aqui para vos prestar a minha homenagem. E à camisola que tanto amo e que sempre respeitei e enchi de suor dedicado. Os jogadores passam, a Juve continua, e agora começará uma nova aventura. Mas nunca vou deixar de torcer pelo clube. Serei para sempre vosso. Um de vós.

Adeus rapazes e obrigado por tudo."

Alessandro




"It's over, my contract with the Juventus expires today.

It's old news, but still, to know that it's "official" has its effect. It's not a sad moment for me, I have no regrets or nostalgia. Not anymore. In these days I've had an opportunity to to think over everything what happened in my last black and white season, to go back in the memories and live once again the best dream I've ever had.

All the memories, all my joys and triumphs and to be honest even some recent bitter moments...I clearly see all these images today and at a certain moment they grow dim and almost dispel in that wonderful hug during my last match in Turin. This picture has it all, a picture of the moment that I want to have with me forever, a picture taken on the 13th of May and printed in my heart. Indelible.

Some time ago, before taking off for holidays, I emptied my locker in Vinovo and leaving the training camp I stopped at the spot where for many months you waited for me to have an autograph, a picture or just to shake hands... no matter whether it was scorching hot, raining or snowing. But this time it's my turn to say good bye and to thank you all like you did it for me.

Players come and go, the Juventus remains. My team mates are still there and I wish them all the best: I will always be their biggest fan. You, my fans are still there and you are the Juventus. Remains my jersey that I have always loved and will continue to love forever, I have always wanted and respected it without any dispensation or discounts. I'm happy that others can wear it after me, also and above all because number "10" since the names were put on the jersey always had my name on it. I'm happy for the player who'll be wearing it next year, I'm happy because somewhere - in Italy or in the other part of the world - right now, someone is dreaming of wearing this jersey. And I will be proud if that someone would want to trace my story, like I traced the stories of other champions, other examples, other legends.

Starting from tomorrow I won't be a Juventus player anymore, but I will always remain one of you.

Now it's time to start my new adventure. I'm enthusiastic about it like 19 summers ago.

Good bye, guys. Thank you for all."

Alessandro