Pablo Aimar, o Dez que encantou
Maradona e Messi, é sem sombra de dúvida um dos poucos grandes artistas do
futebol português, e um dos melhores que passaram pela Primeira Liga nos
últimos anos. É o tipo de jogador que recebe a bola para jogar, a chamada receção
orientada, e melhor ainda, devolve-a para continuar a jogar. Tem uma qualidade
de passe curto em espaços reduzidos (pode não parecer, mas é mais difícil do
que fazer passes longos) só ao nível dos génios da bola.
O que mais me fascina nele,
além da receção orientada e passe curto, é a simplicidade do seu jogo
recorrendo constantemente ao primeiro toque (que saudades de o ver jogar com
Saviola, aquele que melhor entende a sua ideia de jogo). Quando este consegue impor
o “futebol de rua” em campo, tudo parece mais fácil, e é assim que ajuda a
decidir jogos, sem pressão ou malabarismos, mas cheio de talento e autenticidade.
Mas, vamos ao cinzento da bela
história.
O que deu o Benfica ao Aimar? Muito!
Não falando do salário (que acho inadmissível), o Benfica deu ao Aimar: uma
oportunidade única, quando a carreira dele estava à beira das Arábias ou
Américas; recuperou-o fisicamente, o principal motivo que o impediu de fazer
muito mais; um apoio inexcedível, tornando-o no maior ídolo do palco da Luz; e
uma posição de líder numa equipa que voltou a lutar por títulos. Posto isto, o
Benfica deu a Aimar tudo aquilo que ele necessitava para triunfar e ser feliz
dentro das 4 linhas.
Por outro lado, mesmo custando
ao leitor, e se for benfiquista pior ainda, eu pergunto: o que é que Aimar deu
ao Benfica?
Pouco, direi eu. Se tivermos em
conta a presente época, o Benfica lutou pelo campeonato (perdendo-o por culpa
própria) até à última jornada, e pela Liga Europa (derrotado na Final), com
participação nula do génio argentino. Assim, até à data, e à beira de concluir
o quinto ano de águia ao peito, Aimar venceu um Campeonato e quatro Taças da
Liga, com a possibilidade de vencer no próximo domingo a Taça de Portugal.
No que diz respeito ao campeonato
conquistado ao serviço do Benfica, não partilho da opinião generalista de que
Aimar levou o Benfica ao título. É certo que foi a época com mais jogos
realizados durante estes anos, com 25 jogos na Liga, sendo que no entanto 4
foram como suplente, e em 17 foi substituído. Ou seja, Aimar fez 90 minutos
completos em apenas 4 jogos (4/30 jogos).
Prefiro destacar a importância
de Quim, Luisão, Javi, Ramirez, Di Maria, Saviola e Cardozo na conquista de
2009/2010. Basicamente acabei de evidenciar 7 jogadores, ou seja, o Aimar tinha
uma formação excelente a apoiar o seu futebol.
Posto isto, este artigo não
serve para demonstrar a minha ingratidão com Pablo Aimar, não! Eu sou um fã, e
acima de tudo um defensor do tipo de futebol que este pratica. A sua génese
futebolista é aquela que eu adoto quando abordo o futebol. No fundo, aquilo que
eu quero “medir” é o retorno que o Benfica teve ao longo destes quase 5 anos de
Aimar. A única vantagem que vejo em ter Aimar, num plantel rico e competente
como este, é a experiência e estaleca que incute nos mais jovens, como
Rodrigo, Salvio ou André Gomes (sim, estou a dar-lhe protagonismo).
Não acho injusto não renovar
com Aimar no final da época, acho sim que Aimar nunca deveria ter começado a
presente.
(Nota: Mais de metade deste
post foi escrito em Janeiro quando estava praticamente consumada a
transferência de Aimar para as Arábias. Completei-o agora porque Aimar está
recuperado, começou a ser opção mas sem relevante importância dada a sua
condição física e a intensidade de jogo da equipa, e o Benfica lutou pelos
títulos nacionais mais importantes e pela Liga Europa. Adiei constantemente
este post porque é pouco ético criticar um jogador como Aimar, mas no fundo, o
Benfica sem ele continuará igual, seja qual for o rumo.)
gloureiro
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