24 maio 2013

Champions League 2013




Acredito que a tática está por cima da qualidade individual do jogador, e mais que estudado, como está o futebol, amanhã será um grande dia para dois treinadores que o merecem. Devia mesmo haver duas taças, só para eles, até porque em coletivos tão fortes como mostraram ser, Bayern e Dortmund chegam à Final da Liga dos Campeões com estrelas maiores, os seus treinadores.

Jupp Heynkes, 68 anos, uma velha raposa do futebol europeu, atinge mais um final europeia para o seu vasto curriculum. Este Bayern é uma equipa que prima pela simplicidade. Quando vejo Neuer com a bola nas mãos sei que vai sair a jogar na defesa, que estes a vão entregar aos criativos com o objetivo de a fazer chegar aos alas ou ao Muller, para depois a entregarem ao ponta-de-lança que a encosta lá para dentro, seja Gomez, Mandzukic ou Pizarro. Ou seja, o Bayern pega na bola com a ideia de a meter na baliza, só isto, fácil. Começam o processo ofensivo com a certeza que vão fazer golo. Nem todas as equipas fazem isso, é verdade. Há aquelas que esperam na defesa pelo erro do outro, há quem troque a bola para desgastar o adversário, há os que tentam e não têm qualidade. Do meu ponto de vista, neutro, não há estilo mais simples que este.

Jürgen Klopp, 45 anos, acaba de chegar à ribalta do futebol. Já lhe era reconhecido o mérito das suas inovadoras técnicas de trabalho, mas só agora tem relevância mundial. Preparou e consolidou o sucesso da presente época com dois anos a vencer internamente (bicampeão), e, surpreendentemente ou não, volta a colocar o Dortmund numa final europeia, dezasseis anos depois. O futebol praticado pelo Dortmund assenta numa mistura entre paixão, tática e rebeldia daquela garotada. Dá-me um prazer enorme ver jogar uma equipa que não entendo quais são as posições de 4 ou 5 jogadores, e isso faz-me pensar que o treinador é um génio.

Desta forma, estarão frente-a-frente as duas melhores equipas do momento. Não me lembro de uma final da champions tão justa e merecida, e até mesmo, consensual. Primeiro pelo trajeto desde a fase de grupos, segundo pelo futebol praticado ao longo do ano, terceiro pela pujança física que apresentam neste final de época, e por fim, por eliminarem os dois colossos espanhóis, com quem toda a gente ansiava ver na grande final.

E por falar nos espanhóis, entenda-se Real e Barça, esta final já é uma vitória antecipada para o futebol. Não falo do confronto Alemanha e Espanha, mas sim de toda a envolvente ao futebol, desde os media às politicas de UEFA e FIFA. Quando o futebol parecia estar limitado a Real e Barça, eis que aparecem os alemães, cheios de alemães (sejam turcos ou polacos, não interessa, cresceram e foram lá formados), para destruir duas grandes equipas.

Quando tudo se resumia a Real e Barça, em que cada pessoa tinha de escolher um lado e não tinha sentido dizer “ganhe o melhor”, esta final faz-me acreditar que poderá vir a ser a melhor dos últimos anos. Não sei quem irá ganhar, nem sei se o jogo vai ser aquele espetáculo que toda a gente espera, é possível que não.

Vou ver o jogo de uma forma saudável, já nem sei o que é isso com tanta emoção nos últimos tempos. Apesar de ter uma preferência, quero mesmo que “ganhe o melhor”.

21 maio 2013

El Mago




Pablo Aimar, o Dez que encantou Maradona e Messi, é sem sombra de dúvida um dos poucos grandes artistas do futebol português, e um dos melhores que passaram pela Primeira Liga nos últimos anos. É o tipo de jogador que recebe a bola para jogar, a chamada receção orientada, e melhor ainda, devolve-a para continuar a jogar. Tem uma qualidade de passe curto em espaços reduzidos (pode não parecer, mas é mais difícil do que fazer passes longos) só ao nível dos génios da bola.

O que mais me fascina nele, além da receção orientada e passe curto, é a simplicidade do seu jogo recorrendo constantemente ao primeiro toque (que saudades de o ver jogar com Saviola, aquele que melhor entende a sua ideia de jogo). Quando este consegue impor o “futebol de rua” em campo, tudo parece mais fácil, e é assim que ajuda a decidir jogos, sem pressão ou malabarismos, mas cheio de talento e autenticidade.

Mas, vamos ao cinzento da bela história.

O que deu o Benfica ao Aimar? Muito! Não falando do salário (que acho inadmissível), o Benfica deu ao Aimar: uma oportunidade única, quando a carreira dele estava à beira das Arábias ou Américas; recuperou-o fisicamente, o principal motivo que o impediu de fazer muito mais; um apoio inexcedível, tornando-o no maior ídolo do palco da Luz; e uma posição de líder numa equipa que voltou a lutar por títulos. Posto isto, o Benfica deu a Aimar tudo aquilo que ele necessitava para triunfar e ser feliz dentro das 4 linhas.

Por outro lado, mesmo custando ao leitor, e se for benfiquista pior ainda, eu pergunto: o que é que Aimar deu ao Benfica?

Pouco, direi eu. Se tivermos em conta a presente época, o Benfica lutou pelo campeonato (perdendo-o por culpa própria) até à última jornada, e pela Liga Europa (derrotado na Final), com participação nula do génio argentino. Assim, até à data, e à beira de concluir o quinto ano de águia ao peito, Aimar venceu um Campeonato e quatro Taças da Liga, com a possibilidade de vencer no próximo domingo a Taça de Portugal.

No que diz respeito ao campeonato conquistado ao serviço do Benfica, não partilho da opinião generalista de que Aimar levou o Benfica ao título. É certo que foi a época com mais jogos realizados durante estes anos, com 25 jogos na Liga, sendo que no entanto 4 foram como suplente, e em 17 foi substituído. Ou seja, Aimar fez 90 minutos completos em apenas 4 jogos (4/30 jogos).

Prefiro destacar a importância de Quim, Luisão, Javi, Ramirez, Di Maria, Saviola e Cardozo na conquista de 2009/2010. Basicamente acabei de evidenciar 7 jogadores, ou seja, o Aimar tinha uma formação excelente a apoiar o seu futebol.

Posto isto, este artigo não serve para demonstrar a minha ingratidão com Pablo Aimar, não! Eu sou um fã, e acima de tudo um defensor do tipo de futebol que este pratica. A sua génese futebolista é aquela que eu adoto quando abordo o futebol. No fundo, aquilo que eu quero “medir” é o retorno que o Benfica teve ao longo destes quase 5 anos de Aimar. A única vantagem que vejo em ter Aimar, num plantel rico e competente como este, é a experiência e estaleca que incute nos mais jovens, como Rodrigo, Salvio ou André Gomes (sim, estou a dar-lhe protagonismo).

Não acho injusto não renovar com Aimar no final da época, acho sim que Aimar nunca deveria ter começado a presente.

(Nota: Mais de metade deste post foi escrito em Janeiro quando estava praticamente consumada a transferência de Aimar para as Arábias. Completei-o agora porque Aimar está recuperado, começou a ser opção mas sem relevante importância dada a sua condição física e a intensidade de jogo da equipa, e o Benfica lutou pelos títulos nacionais mais importantes e pela Liga Europa. Adiei constantemente este post porque é pouco ético criticar um jogador como Aimar, mas no fundo, o Benfica sem ele continuará igual, seja qual for o rumo.)


gloureiro

20 maio 2013

Desfecho Final




Fui um dos felizes contemplados a marcar presença no Amsterdam ArenA. Aliás, sou um feliz contemplado por ter tido oportunidade de ver uma final europeia, em especial do SLBenfica; por ter sido em Amsterdam, uma cidade que “reúne” na perfeição as condições para que haja uma grande festa (atenção às mentes perversas); e por ter sido contra uma equipa inglesa, que têm dos melhores adeptos do mundo.

Fazendo uma retrospetiva àquilo que foi a campanha europeia do Benfica, todo o adepto benfiquista se deve sentir orgulhoso desta equipa. O Benfica saiu prematuramente da Liga dos Campeões, por culpa própria e também do Barcelona (derrotado no Celtic Park). No entanto, há males que vêm por bem, e este foi um deles. Como racional que sou, ou pessimista eventualmente, o Benfica teria ficado pelos oitavos, ou com alguma sorte no sorteio, atingir os quartos-de-final. Desta forma, tivemos oportunidade de lutar por um título europeu, que nos foge há tantos anos. Não obstante, prefiro ver o Benfica a perder nos quartos-de-final do que a lutar pela UEFA.

Mas, não estou aqui para vos falar da campanha do Benfica, até porque toda a gente viu o que eu vi, e porque cada um tem a sua opinião acerca do desempenho da equipa ao longo do ano, e do desfecho menos bom.

Uma instituição como o Sport Lisboa e Benfica, com mais de 100 anos de história, conta atualmente com bons jogadores, um treinador apaixonado pelo futebol, um presidente estratega, e uma estrutura fortalecida, com resultados positivos na formação e nas restantes modalidades, nos últimos anos.

Aquilo que me faz escrever hoje, já recuperado, é a força humana dos adeptos benfiquistas. Na quarta-feira feira no ArenA, eu senti-me o melhor do mundo! Eu e os milhares de benfiquistas gritámos e saltámos mais, muito mais, que os “blues” ingleses, que observavam impávido e serenos, e surpreendidos, a devoção dos adeptos que pintavam a bancada encarnada.

Naquele momento, fomos os melhores do mundo, tenho a certeza absoluta! E não é frase feita, como “a minha mãe é a melhor de todas”. Durante dois dias que estive em Amsterdam, os adeptos benfiquistas foram os melhores do mundo. E quem o diz são aqueles que mais podem julgar, os “blues”.

Não me interessam as vitórias morais, todos sabem que o Benfica foi superior no jogo jogado, mas até à data, a sorte ainda é legal, e até aqui tudo bem. Alguém teria de ganhar, foram eles, os “blues”.

Aquilo que me interessa é o futuro, e como o nosso presidente referiu, o futuro está garantido e a nossa hora chegará. Porque com estes adeptos devotos, que foram alvo de admiração por meio estádio repleto de “blues” incondicionais; com a receção, mais que justa, ao plantel à chegada a Lisboa; e com a montra e imprensa europeia a felicitar o futebol positivo da equipa de Jesus, nenhum benfiquista se poderá lamentar pelo que quase ganhámos.

Hoje tenho uma certeza, que serve de aviso para alguns: os de lá de cima, sabem que “para o ano” já não é uma certeza; os de lá de baixo, sabem que depois de uma derrota europeia e dos “quase”, o Benfica não terá o rumo deles.

Hoje não tenho um sorriso, mas tenho uma felicidade enorme dentro de mim, e um orgulho em ser Benfiquista como nunca senti.

Parabéns, a todos os Benfiquistas!


gloureiro


10 maio 2013

VP vs JJ




No dia em que se ficou a conhecer o sucessor de Sir Alex Ferguson à frente do poderoso Manchester United, David Moyes (atual treinador do Everton), reforcei a minha vontade por me exprimir acerca da situação atual dos treinadores do S.L.Benfica e do F.C.Porto.

Deixo só aqui uma palavra de respeito a “Fergie”, agradecendo o seu contributo ao futebol. Quero também felicitar a escolha, do próprio Fergie, pelo seu compatriota escocês. Não sabemos como irá ser o futuro do Manchester, mas fácil não se adivinhará, no entanto, estou completamente de acordo com a decisão tomada.

Isto dos treinadores é um tema muito sensível, então no panorama português ganha sensibilidade a mais. À beira do desfecho final, paira uma “nuvem negra” sob o futuro de Jorge Jesus e Vitor Pereira à frente do S.L.Benfica e do F.C.Porto, respetivamente. No fundo, todo o trabalho que foi realizado em 4 e 2 anos de comando à frente dos respetivos clubes, está exclusivamente dependente do resultado no Clássico deste sábado.

Se Jesus ganhar, ou empatar e tornar-se campeão na última jornada, o universo Benfiquista fará tudo para que este continue. Será certamente um treinador à Benfica. Se por outro lado, perder, e o F.C.Porto se torne campeão em Paços de Ferreira, será considerado um treinador que ganhou um campeonato com sorte e entusiasmo inicial, e que desde então tem sido mau na gestão do plantel, falhando em momentos cruciais.

Num cenário inverso, Vitor Pereira será certamente demitido do banco portista se não for campeão. Mas, se vencer os dois jogos que faltam passa a ser uma grande incógnita… Despede-se um treinador bi-campeão? Díficil.

Quero com isto dizer que nem Jesus nem Pereira passam de sexta-feira para domingo de competentes a incompetentes.

Se fosse em Inglaterra, provavelmente os dois treinadores continuariam, fosse qual fosse a classificação final. Justifico isso com os 26 anos de Fergie no Manchester United, e 12 de Moyes no Everton.

Além disso, perspetivando os piores cenários possíveis para cada um dos treinadores portugueses, Jesus terminará o campeonato com 74 pontos (entenda-se duas derrota), e Vitor 72 (entenda-se duas derrotas). Assim sendo, tanto um como o outro seriam campeões em anos anteriores com estas pontuações, com algumas exceções obviamente.

Não tenho opinião formada/segura sobre as capacidades de ambos, só acho que o futuro destes devia estar planeado e ser coerente com o que foi feito durante os anos que tiveram à frente das respetivas equipas.


gloureiro

11 janeiro 2013

FIFA BALLON D'OR




Antes de comentar a atribuição do Prémio de Melhor do Mundo a Messi, quero esclarecer um pequeno detalhe, que atenção, está disponível a todos.
Ora, quem elege os três melhores jogadores, por votação, são:
·         Selecionadores;
·         Capitães de Seleção;
·         Grupo de Especialistas da France Football.

Posto isto, é absolutamente verdade que não é a Unicef, nem o Platini ou o Blatter, ou qualquer grupo organizado que elege o Melhor, mas sim, uma votação livre e independente onde cada votante se exprime da maneira que bem lhe apetece. Acho que está claro.
Dado a conhecer o veredicto final, só se pode ficar feliz, “triste”, ou assim-assim. Não vale a pena conspirar. Eu entendo que as pessoas já não possam ouvir falar em conspiração e corrupção, mas nem tudo é como em Portugal, nós sim somos especialistas em corrupção. O país das cunhas. O país do desemprego. O país da crise.

Há quem defenda que Xavi ou Pirlo mereciam um prémio carreira, ou que a genialidade de Iniesta deveria superar as estatísticas de Ronaldo e Messi. Gostos são gostos e não se discutem. Mas, o resultado final demonstra que Messi é eleito o Melhor por 41% dos votos, sensivelmente, o que por maioria (não absoluta) lhe permite ser consagrado. É só isso… Temos de aceitar, não há volta a dar.
A isto chama-se direito ao voto, ou democracia, ou qualquer coisa do género. Mais uma vez alerto, deixem-se de conspiração.

Tirando a vertente teórico-politica, há a parte futebolística. Não há nenhuma regra que defina que o eleito seja o melhor marcador, ou o melhor assistente, ou o melhor a dar pau. O eleito é aquele que conjuga ou maximiza, mais que os outros, toda a envolvente do futebol, dentro e fora das 4 linhas. É quem, da melhor maneira, contribui para o espetáculo do futebol.
Há ainda outra questão que me parece importante. Quando um clube vence competições, o clube é premiado. Por norma fica com uma taça/troféu para o museu e escreve o nome na história. Isto quer dizer que, se o clube vence, o clube é reconhecido. Não existe nenhuma lei que declare que o vencedor do Prémio de Melhor do Mundo seja do clube que venceu. Para que serve o colectivo? Lá por o Boavista ter sido campeão, o Martelinho ou o Fary eram os melhores do campeonato? Não creio.
Obviamente que durante muitos anos, as estatísticas, os troféus coletivos, ou a carreira poderiam ser um fator diferencial no conto final, mas parece-me a mim que era devido ao talento dos melhores estar mais nivelado do que agora, e aí sim, a menor estabilidade de época para época por parte destes propiciava a distribuição do prémio a um maior número de jogadores.

É visível em textos anteriores que não sou o maior fã de José Mourinho, e pertenço ao pequeno grupo de portugueses que não o idolatram nem se regem pelas suas ideias. No entanto, pela primeira vez estou de acordo com o Zé num aspeto. Num dos vídeos que agora passa muito nas redes sociais, “Mourinho estoura com aqueles que defendem que Messi deve ganhar a Bola de Ouro” (Quem foi estourado? Não percebi!), Zé afirma que nos “deixemos de brincadeiras”, o prémio de melhor tem de ser dado a quem merece, porque se fosse por solidariedade e beneficência havia Drogba, Etoo, Zlatan, Zanetti, etc. Coincidência, tudo ex-jogadores dele, mas estas coisas passam despercebidas a todos, não liguemos…
Assim, também aqui estou de acordo. O nome é claro - Melhor Jogador do Mundo -, deve ser entregue ao melhor, não ao mais bonito, forte, velho, profissional, e por aí.

Gostando ou não, Messi é o expoente máximo do futebol. É ele que dá seguimento ao futebol do Barcelona. É ele que desbloqueia o futebol “chato” dos catalães. “La Pulga” é no mundo do futebol aquilo que um pai quer para um filho, o talento natural.

Deixo ainda uma sugestão aos seguidores do Ronaldo. Admitam para vós próprios a posição do Messi no futebol. É talvez a única maneira de valorizarem o português, porque senão, se o Messi não for aquilo que vós pensais, um dia vão-se lembrar do Ronaldo como mais um bom jogador, que foi algumas vezes quase vencedor.
Já eu irei lembrar-me de um português como um dos maiores talentos em termos psicológicos e motivacionais que o futebol já viu, e que fez frente a um pequeno argentino… maior que Maradona.


Por fim, e no seguimento de algum comentário menos bem encaixado anteriormente, faço aqui um à parte. A expressão mais inócua e irritante que os eternos revoltados costumam difundir é a de que “é por causa de portugueses como vocês que o país está como está!”. Não, não é! O país está como está porque as pessoas roubam, desviam e sodomizam as leis do nosso país. Mas não falemos mais de Pátria e afins, está em extinção por cá.

Este artigo, mesmo sem consequência alguma, é dedicado ao Messi. Obrigado!


gloureiro